quarta-feira, 21 de maio de 2014

O espetacular Homem-Aranha

Rompi mais de 600, relutantes, dias e me entreguei às novas produções do Homem-Aranha. E diga-se de passagem, isso só aconteceu porque de repente - e não mais que de repente - me vi sentada na poltrona de um cinema, com o ingresso de "O espetacular Homem-Aranha: A ameaça de Electro" em mãos. E esse cenário dá-se, exclusivamente, à realização do desejo do meu primo mais novo. Ok! Já que chegamos até aqui, não vale dormir! Não que essa seja uma tarefa muito difícil pra mim, que dormi até no segundo longa do Stark.

À primeira vista "O espetacular Homem-Aranha" me pareceu desgarrado da trilogia de Sam Raimi, que mesmo sendo alvo de muitas críticas, está entre os favoritos da minha estante. Sob a batuta de Marc Webb, Peter Park, tornou-se muito mais irônico, o que me parece ser o novo estilo Marvel, desde que Tony Stark tornou-se adorado entre os cinéfilos. Já nas primeiras cenas, o Peter vivido por Tobey Maguire, na trilogia anterior, pode ser esquecido. O espetacular Homem-Aranha não tem nada de tímido ou desajeitado, é, pelo contrário, um personagem confiante e cheio de si. Porém, como se pode perceber, eu cai de pára-quedas no segundo tempo da saga e assisti o filme em clima meio "Amnésia". Entretanto, ao ver o primeiro Aranha de Webb tive a certeza de que a ideia era realmente deixar para trás tudo que sabíamos sobre Peter.

Diferente dos longas de Raimi, os efeitos especiais dos novos filmes do super-herói são muito mais trabalhados e as cores vermelho e amarelo, bastante presentes nos anteriores, saíram de cena, dando abertura para o azul e um vermelho mais escuro, deixando o clima metalizado. A roupa, o cenário, a teia... tudo parece ser mais elaborado e maduro. A história ganhou mais informações e até parece fazer mais sentido o fato de Peter utilizar a tecnologia para produzir as teias que o deslocam pela cidade - e não, simplesmente, produzi-las a partir da mordida da aranha. Dar um sentido aos super-poderes do Aranha é outro ponto positivo do longa.

Após tanto relutar, devo confessar que "O espetacular Homem-Aranha" é uma boa produção, com acréscimos importantes e que dão mais sentido a história, mas por outro lado recria um personagem, anteriormente vitimizado, dando-lhe uma roupagem heróica desde o princípio. O cuidadoso Parker de Maguire, agora é o engraçado e sensível Andrew Garfield.

 
 
 
Nota: 7,5
 


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

'Azul é a cor mais quente' está além da polêmica da cena de sexo entre Adèle e Emma



Vencedor da Palma de Ouro em Cannes (2013), Azul é a cor mais quente de Abdellatif Kechiche é o filme mais ousado e inquietante do ano.

Se na paleta de cores o azul é associado à frieza e monotonia, em Azul é a cor mais quente ele viola essas simbologias e se impõe como uma cor sensual. Do início ao fim ele está presente, seja nas paredes do quarto de Adèle (Adèle Exarchopoulos), nos cabelos de Emma (Léa Seydoux), estampado em camisetas, unhas ou na imensidão do mar, no qual Adèle deposita seus anseios. O azul, uma das três cores-luz primárias,  também está presente como representação de imaturidade - uma fase de novos conhecimentos e descobertas - assim acompanhamos durante as 2h57min de exibição o reconhecimento de Adèle sobre si mesma.

Durante a transição da adolescência para a maior idade, envolvida com o jovem Thomas (Jérémie Laheurte) e imersa em inquietações e dúvidas, Adèle se sente atraída por uma jovem que cruza seu caminho, e então começa uma busca quase inconsciente pela enigmática Emma. Em meio ao romance tórrido entre elas, existem suas personalidades: Adèle com suas poucas ambições e Emma, uma jovem pintora, intelectualizada e madura. Neste cenário amor e interesses intelectuais divergem. 

Exarchopoulos é sem dúvidas um dos maiores destaques do ano, a novata aparenta buscar de dentro de si uma força para dar vida a Adèle, dando um tom natural ao personagem. Outro ponto forte do longa é a "gramática cinematográfica", como descreveu o próprio Kechiche, que através de closes em lábios, pele, no rosto de Adèle e de outros personagens construiu um cenário perturbador. 

Embora a temática do filme seja homossexual a ideia é atingir o 'ser', independente do gênero, objetivo alcançado com bastante sucesso, diga-se de passagem. É quase impossível sair da sala de cinema sem trazer um pouco de Adèle consigo e não compartilhar 1/3 de sua inquietação. 

Infelizmente, Azul é a cor mais quente tem gerado polêmicas e debates pela cena de sexo entre Adèle e Emma, que dura seis minutos, o que reafirma a miudeza do ser humano. O quinto longa de Kechiche é muito mais que isso. 

Nota: 10. 


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Salve Geral: um dia das mães inesquecível


Diferente de Tropa de Elite, que aborda friamente a polícia e o tráfico do Rio de Janeiro sem dar espaço para uma visão mais humanizada, Salve Geral traz os dois lados da moeda em um longa de 1h59min.

Lançado em 2009, o filme de Sergio Rezende documenta o Dia das Mães de 2006, na capital paulista, quando bancos, postos policiais, caixas automáticos e outros estabelecimentos foram atacados, gerando caos na cidade. Naquela ocasião a polícia sofria uma retaliação pela transferência de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) para o interior do estado. Gravada na história de São Paulo como dias de terror, a desordem estendeu-se até a segunda-feira, fechando as portas dos comércios e marcando um trânsito recorde no meio da tarde.

Essa situação é vista pelos olhos de Lúcia (Andréa Beltrão), uma professora de piano que entra em dificuldades financeiras quando seu marido morre, e é obrigada a se adequar a sua nova condição social. Seu filho, Rafael (Lee Thalor), um jovem apaixonado por corridas de carro, inconformado com o novo quadro da família, se envolve em um acidente que resulta em mortes e é preso em flagrante. A partir da prisão de Rafael o espectador convive com a realidade dentro dos presídios de São Paulo, onde os detentos vivem em celas pequenas que mal comportam a capacidade de presos, sem segurança ou higiene. Dentro deste mesmo cenário estão a convivência entre os presos e as guerras internas entre os "comandos". Para sobreviver o jovem precisa andar na corda bamba que separa a justiça e as leis dos detentos.

Enquanto isso, Lúcia, no desespero de tirar seu filho da cadeia, conhece Ruiva (Denise Weinberg), advogada do líder do partido, Professor (Bruno Perillo). Precisando de dinheiro para manter-se e ajudar Rafael, Lúcia começa a realizar trabalhos para o PCC e se envolve com o Professor.

Com um roteiro morno, que se pauta nas vias dramáticas da história e quase sem cenas de ação, o longa não dá espaço para muitos picos de tensão.

Após as quase duas horas de filme, a impressão que fica é que a história ficou mal costurada e que a intensão desde o início era apenas mostrar o ficcional, afinal a realidade do enredo não tem uma finalização. O encerramento do fatídico Dia das Mães de 2006 é esquecido e engolido pela conclusão da história entre mãe e filho.


Nota: 7


domingo, 19 de agosto de 2012

Uma ponte entre a loucura, a sanidade e o amor.


Nada de romances impossíveis entre a mocinha rica e o rapaz pobre e nada de histórias juvenis americanas. Os amantes de Ponte Neuf ( França - 1991) é uma história de amor crua e singular. O cenário e a mais famosa ponte de Paris (Pont Neuf), o enredo gira em torno do amor entre dois mendigos, os personagens vivem dentro desse contexto em um mundo só deles, onde loucura, obsessão e amor se entrelaç
am de uma forma magnífica.

"- Eu não conseguia parar de sonhar com você, todas as noites... o meu amor me despertou! Eu acho que se as pessoas acordassem todos os dias e corressem atrás de seus sonhos a vida seria muito mais fácil."

Palmas para Juliette Binoche e Denis Lavant com suas brilhantes interpretações e para o Diretor Leos Carax.

Nota: 10.